Mais que a inesgotável poesia do autor árabe, uma das leituras obsessivas de outro bruxo,
este mais próximo de nós –o argentino Jorge Luis Borges-, o que chama a atenção nas
elucubrações perpetradas por Averróes é sua delirante ou insensata compreensão do Amor.
Sendo puro sentimento, para ele, o Amor é, antes de mais nada, uma abstração.

Chega ao excesso de afirmar, muitas vezes, sobretudo na “Destructio”, que o Amor não
existe nem nunca existiu. Não passa, acrescenta, de uma miragem na qual os humanos
deitamos firmemente os olhos, no afã de fazê-lo existir a qualquer preço.

Comenta Borges, num de seus magníficos ensaios sobre o filósofo árabe-cordobês,
que Averróis, desencantado com a própria vida amorosa e “fatigado leitor muçulmano
de Aristóteles”, desinventou o Amor como uma forma de salvar-se de si mesmo.

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